Ciência, tecnologia e inovação – na prática

Em seus mais de 50 anos a FDTE já executou mais de 2.400 projetos, para diversas áreas da indústria, serviços, terceiro setor e governos.

Histórico
A FDTE executa projetos para o Metrô de São Paulo desde 1974.

A FDTE foi criada em 1º de dezembro de 1972 com um propósito específico na época: administrar o projeto de pesquisa, desenvolvimento e construção daquele que viria ser o primeiro computador brasileiro com fins de mercado. O G-10 foi uma encomenda da Marinha do Brasil à USP, que optou pela criação de uma fundação para dar agilidade à gestão do projeto. Nascia, assim, a FDTE, primeira instituição do gênero criada pela Universidade de São Paulo.

Histórico
Sistema de Ajuda ao Usuário da Rodovia dos Imigrantes, 1976

Contudo, antes mesmo de concluir sua missão original (o G-10 ficou pronto em 1975), a Fundação já fora chamada para liderar outros 13 projetos, em áreas como telecomunicações, transporte metroviário e saneamento básico. A partir de então, só fez ampliar-se o leque temático dos projetos à cargo da FDTE, especialmente em demandas tecnológicas emergentes voltadas para setores estratégicos como eletrônica, telecomunicações, energia, novos materiais, saneamento, transporte, óleo e gás, mineração e, mais recentemente, nuclear, defesa e sustentabilidade.

Histórico
Telemetria para monitoramento remoto de vazões de rios na Grande São Paulo. 1977

A trajetória da FDTE registra a realização de número superior a 2.400 projetos. O traço comum a todos eles foi o trabalho da Fundação de estabelecer laços entre o mundo acadêmico e a sociedade, de modo a viabilizar parcerias de instituições de pesquisa com empresas públicas e privadas, órgãos de governo municipais, estaduais e federais, e organizações do terceiro setor.

Histórico
Primeiro robô desenvolvido no Brasil, 1981

Veja uma suscinta história da FDTE:

Nos primeiros anos, a FDTE focou seus esforços em projetos inovadores nas áreas de tecnologia da informação e telecomunicações. O primeiro grande marco foi o desenvolvimento do computador G-10, utilizado inicialmente no controle embarcado de fragatas da Marinha e, em seguida, produzido em escala industrial e vendido no mercado brasileiro. Outro projeto do início foi o desenvolvimento de centrais telefônicas eletrônicas para a Telebrás, o que contribuiu significativamente para a modernização das telecomunicações no Brasil. Esses projetos mostraram a forte presença da engenharia elétrica e eletrônica, refletindo as tendências tecnológicas da época.

Ao longo da década de 1970, a FDTE também se destacou em projetos voltados à infraestrutura de transportes urbanos e industrial, como o estudo de técnicas de ensaio de equipamentos metroviários para a Companhia do Metrô de São Paulo e a criação de um centro de pesquisa para a Fundição Tupy, de Santa Catarina.

Tanto o Patinho Feio quanto o G-10 desempenharam um papel fundamental no surgimento da indústria de computadores no Brasil. O Patinho Feio foi um marco na formação de engenheiros e cientistas da computação, que mais tarde contribuíram para o desenvolvimento de empresas nacionais de tecnologia. Um exemplo desse impacto foi a criação da Scopus Tecnologia, fundada por ex-integrantes da equipe do Patinho Feio, que se tornou uma das principais empresas brasileiras de microcomputadores nos anos 1980.

Já o G-10 foi o primeiro computador brasileiro desenvolvido para finalidades operacionais, saindo do ambiente puramente acadêmico e entrando no campo militar e comercial. Ele foi a base para o desenvolvimento da linha Cobra 530, que consolidou a primeira empresa nacional de informática e marcou o início da indústria de computadores no Brasil. Além disso, o desenvolvimento do G-10 mostrou que o Brasil tinha a capacidade de desenvolver e fabricar seus próprios equipamentos, algo de enorme importância para a soberania tecnológica do país.

Eles foram fundamentais também no delineamento da Política Nacional de Informática no Brasil, que começava a ganhar força no início dos anos 1970.

O setor de óleo e gás tornou-se uma área de relevância crescente para a FDTE. A Fundação colaborou com empresas do setor em projetos, entre outros, de simulação de manobras em operações de navegação e produção offshore. As simulações permitiram que as operações em plataformas e embarcações fossem realizadas com maior precisão e segurança. Essa participação também inclui o desenvolvimento de tecnologias de automação e sistemas de monitoramento avançado para operações offshore e onshore.

Ainda na década de 1980 a Fundação contribuiu para o setor de transportes com projetos inovadores, como o desenvolvimento de um sistema de controle e supervisão de trens suburbanos para a Fepasa. No campo da mobilidade urbana, a FDTE foi responsável por desenvolver o sistema COMONOR, que organizava automaticamente comboios de ônibus em corredores exclusivos na cidade de São Paulo, otimizando o fluxo e melhorando a eficiência do transporte público.

Nas décadas de 1990 e 2000, o setor de energia continuou sendo um dos focos principais da FDTE, com o desenvolvimento de redes elétricas inteligentes e subestações automatizadas. Esses projetos permitiram modernizar a transmissão e distribuição de energia no Brasil, aumentando a eficiência e a confiabilidade do sistema elétrico. Nesse período, a Fundação também intensificou sua atuação em automação industrial, colaborando com empresas de grande porte para modernizar plantas fabris e otimizar processos produtivos.

A partir de 2011, a FDTE diversificou ainda mais suas áreas de atuação, entrando em setores emergentes como defesa e sustentabilidade. Em colaboração com a Safran Eletrônica & Defesa, a FDTE desenvolveu sistemas de navegação inercial para embarcações e veículos submarinos autônomos, um projeto de alta tecnologia aplicado ao setor militar. No campo da sustentabilidade, a Fundação firmou parcerias com empresas realizando pesquisas voltadas à sustentabilidade industrial e desenvolvendo processos mais eficientes e menos impactantes para o meio ambiente.

No setor de óleo e gás, a FDTE se envolveu no desenvolvimento de tecnologias que aumentaram a segurança e eficiência de operações offshore, incluindo a aplicação de sistemas de controle avançado e simulação. O impacto dessas inovações tem sido crucial para a produtividade e segurança das operações no setor, permitindo que a indústria possa operar com maior previsibilidade.

Em anos mais recentes a FDTE expandiu sua colaboração com a Marinha em projetos na área nuclear. Também iniciou sua participação em projetos da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

 

Nos últimos anos a Fundação continuou a inovar no setor de transportes em projetos como o desenvolvimento de soluções tecnológicas para a Autopista Régis Bittencourt, focados na redução de acidentes, utilizando tecnologias de ponta para aumentar a segurança e eficiência da infraestrutura viária. Com o Metrô de São Paulo, colabora na modernização dos circuitos de intertravamento.

Compromisso com a inovação tecnológica

Desde sua criação a FDTE demonstrou um compromisso contínuo com a inovação. Sua capacidade de atuar em múltiplas áreas fez dela uma instituição relevante para o desenvolvimento tecnológico do Brasil. Ao longo de sua trajetória a Fundação integrou ciência e engenharia de forma eficaz, sempre em parceria com universidades, setor público e empresas, e com resultados positivos em termos sociais, econômicos e ambientais.